quarta-feira, 23 de dezembro de 2009












MUDAMOS DE CICLO! POIS SEJAM FELIZES

Cansei-me de ti, Natal,
mas nunca do Senhor Cristo:
não me convence o banal
que fazem de tudo isto.
Ainda assim, Feliz Natal
e um Ano Novo bem longe
desse triste carnaval.

Jorge Tufic

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

café da manhã


É notório o brilho desta festa matinal onde encontram-se celebridades com níveis altíssimo declarados nesta foto.

sábado, 12 de setembro de 2009

A letra correta do Hino da Amazonas


HINO DO AMAZONAS
Letra de Jorge Tufic
Música de Claúdio Santoro





Nas paragens da história o passado
é de guerras, pesar e alegria,
é vitória pousando suas asas
sobre o verde da paz que nos guia.
Assim foi que nos tempos escuros
da conquista apoiada ao canhão,
nossos povos plantaram seu berço,
homens livres, na planta do chão.

Amazonas, de bravos que doam,
sem orgulho nem falsa nobreza,
aos que sonham, teu canto de lenda,
aos que lutam, mais vida e riqueza.

Hoje o tempo se faz claridade,
só triunfa a esperança que luta,
não há mais o mistério e das matas
um rumor de alvorada se escuta.
A palavra em ação se transforma
e a bandeira que nasce do povo
liberdade há de ter no seu pano,
os grilhões destruindo de novo.

Amazonas, de bravos que doam,
sem orgulho nem falsa nobreza,
aos que sonham, teu canto de lenda,
aos que lutam, mais vida e riqueza.

Tão radioso amanhece o futuro
nestes rios de pranto selvagem,
que os tambores da glória despertam
ao clarão de uma eterna paisagem.
Mas viver é destino dos fortes,
nos ensina, lutando, a floresta,
pela vida que vibra em seus ramos,
pelas aves, suas cores, sua festa.

Amazonas, de bravos que doam,
sem orgulho nem falsa nobreza,
aos que sonham, teu canto de lenda,
aos que lutam, mais vida e riqueza.

Crônica de Marcos Accioly



A SOLIDÃO DA ÁRVORE

MARCUS ACCIOLY

Durante a Bienal da Floresta, do Livro e do Leitor – realizada no Rio Branco, Acre, pelo escritor Pedro Vicente – refiz uma viagem feita muitas vezes, há muitos anos. Após um frugal café da manhã no Inácio Pálace Hotel, o novo, pois o velho era Inácio Parece Hotel, eu e o poeta Jorge Tufic, a convite de um grande amigo, o boliviano Miguel Ángel Ortiz, saímos de Rio Branco, em direção a Cubija, no Estado de Pando, na Bolívia. As nossas memórias funcionaram de modo diferente: Tufic se pegou com o menino que ele foi no Acre, Miguel, com a sua vida na Bolívia, e eu, com o tempo de um arcaico Rio Branco, que se escondeu por dentro, ou por detrás, do moderno. Assim, chegamos à recente cidade de Capixaba e só no desvio para Xapuri, onde o rio Acre se encontra com o próprio rio Xapuri, é que nossas memórias se encontraram. Visitamos a casa, o Centro Cultural e o túmulo do seringueiro Chico Mendes (que cantei no meu livro – Latinomérica) e logo voltamos à mesma estrada que obrigava Miguel a fazer do seu Honda um cavalo saltando os obstáculos.
A paisagem exibia a devastação sem medida, desde que a borracha cedeu o seu lugar ao gado e o gado à incipiente cana-de-açúcar. Inúmeras castanheiras se aproximavam e se afastavam do acostamento, como uns resquícios da floresta de Hamelet. Cortei o nosso silêncio, sob o silêncio surdo do motor, com uma pergunta: “Quantos metros tem uma castanheira?” Tufic tentou medir, com o olho, enquanto Miguel respondeu: “Cerca de 40 metros”. Algo de doído ligava, em mim, a castanheira da floresta à castanheira da praia, ou amendoeira, quando Miguel prosseguiu: “Como é proibido, por Lei, derrubar castanheiras, elas ficam assim, separadas delas mesmas e da selva”. Observei aquelas árvores solteiras e percebi que algumas de suas ilhas verdes tinham secado. “Parece que elas escaparam, mas estão morrendo, não é, Miguel?” “Pois é, no conjunto elas tem o besouro que, através das plantas e dos cipós, faz a proliferação. Assim, isoladas, o besouro não consegue alcançar a copa e, aos poucos, elas vão morrendo”. “Qual é o tipo de besouro?” “É o mungangá”. “Ah, sei, o cavalo-do-cão, que também reproduz o maracujá rasteiro ou sobre as árvores”. Tufic riu um pouco e disparou: “Esse aí é um cavalo do Nordeste”. Percebi que estava entre um acreano e um boliviano e falei um trecho de cantiga do meu livro Guriatã – um cordel para menino: “Manda música, maestro, / moda má, música má, / mau mestre, muita munganga, / munganguento mugangá”. Tufic aproveitou a deixa e disse algumas cantigas do seu livro: A insônia dos grilos. A partir de então a viagem se tornou um recital.
Depois que atravessamos a ponte e chegamos a Cubija, a cidade também já era outra. “Em Rio Branco, eu só reconheci o Rio Acre, acho que, de Cubija, se Tufic comprar todos os uísques que pretende, só vou reconhecer a alfândega” – eu disse e quase não aconteceu outra coisa, pois, além das bebidas, ele apenas comprou diversas camisas de seda. “O seu caso, Tufic, ao que parece, é de seda e sede” – eu provoquei e ele consertou: “Ao inverso: é de sede e de seda”. Aproveitei o seu “inverso” e, novamente, passamos a dizer algo “in verso” ou “em verso”. Miguel visitou o amigo e ex-governador do Estado de Pando, Felipe, que, com a esposa, Marilu, nos levou à parrilhada. Tufic quase não comeu, em compensação, esgotou, sozinho, mais do que um quarto de uma das garrafas.
De volta, eu disse a Miguel: “Comprei tanto bagulho, que tive de comprar uma mala”. “Pois é, Tufic já leva a dele, como um camelo”. Tufic não respondeu. Voltei-me do banco dianteiro e Miguel percebeu pelo espelho que Tufic sonhava. Tirei a máquina da sacola e fui fotografando aquelas castanheiras tristes, da beira da estrada, como se quisesse que elas não morressem. Para cada foto, Miguel diminuía a velocidade. “Era bom que fosse assim, Miguel, que tudo passasse, ficasse para trás, mas as árvores estão na máquina e na memória”. “Pois é, e o pior é que ficarão mais na memória do que na máquina”. Tufic acordou de repente e perguntou à-toa: “Vocês estão falando de máquina ou de memória?” “Da máquina da memória e da memória da máquina, Tufic” – eu disse, enquanto Miguel desviou de um buraco e Tufic, com a vantagem do tombo, regressou ao seu sono, ou seu sonho, de poeta.

MARCUS ACCIOLY é poeta. E-mail: marcusaccioly@terra.com.br

Clube do Bode


Olha aí de onde saem as maiores criaçõea literárias e culturais.

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

segunda-feira, 10 de agosto de 2009



AS QUATRO ESTAÇÕES E OUTROS

Nunca a vi chegar
nem partir; pus-me a sorrir
ao vê-la passar.
***
Sem mais guarda-chuva,
rompe o sol; com guarda-sol
e olhar de saúva.
***
Violino à Verlaine
o outono é folha sem dono.
Lama de ninguém.
***
O inverno, me disse
um velho que tinha um castelo:
- é irmão da velhice.

O ENIGMA
Vejo este azul,
mas vê-lo não basta.
Ele inscreve a distância
que vai do inseto
ao forno das estrelas
- nas quais, universo,
devora-se, e canta.

AFGANISTÃO

Revestidas de ouro
e papel,
as rochas metálicas, uma por uma,
tombam
sob um coro de
lágrimas.

domingo, 9 de agosto de 2009

Feliz Dia dos Pais

scraps fofos

RecadosOnline - Para gifs de Dia dos Pais, o melhor é aqui!



Pai, tenha um grande dia, pois você merece muito mais que um cartão, gostariamos de está aí bem próximo pra poder te dar um abraço imenso.
Beijo de todos daqui.

segunda-feira, 22 de junho de 2009

Mais uma da Bienal Acre

BIENAL DA FLORESTA DO LIVRO E DA LEITURA DO ACRE (Ignácio de Loyola Brandão)

"Não abrace táxi, junte com cambito"
RIO BRANCO - Se alguém pedir: por favor, pode me destentar este cheque, e você souber que o sujeito é farinha de cruzeiro, destente. Se tiver dinheiro, tudo bem, é tarefa que você pode realizar sem abraçar táxi. Vai ser como juntar com cambito. E se avistar um homem usando bosoroca não estranhe, ele é homem mesmo. Ao ouvir “cuida, menina”, não se preocupe. Agora, saindo por ai, cuidado com as peremas. Grande e vasto é o Brasil, digo sempre, sem medo do clichê. Porque é mesmo.

Felizmente, viajar por causa da literatura tem me ajudado a conhecer o país e, principalmente, descobrir as múltiplas variações de nossa língua. Vou incorporando aos meus caderninhos os vocabulários locais, além de trazer dicionários regionais. Destentar é descontar. Abraçar táxi é trabalho difícil (diga tachi e não táxi), é sofrer. Bosoroca é uma bolsinha onde se carregam cartuchos. Cuida, menina significa se apresse, avie-se! Farinha de cruzeiro é gente boa, confiável, enquanto juntar com cambito é coisa fácil de fazer. Peremas são mulheres dadas, oferecidas, assanhadas e até mais do que isso.

Aos dicionários de gauchês e e de pernambucanês, já acrescentei o baianês e o cearês. Agora tenho o acreano, do Gilberto Braga de Mello, delicioso. Gilberto, como todo acreano, firma pé. Apesar da reforma ortográfica, os acreanos, com E, se recusam a se tornar acrianos, com I. Que se mantenha o E, clamam, indignados. Ouçamos, minha gente, essas vozes distantes, elas não estão separadas do Brasil.

Eu tinha saído de minha palestra no auditório da Filmoteca que está acoplada a Biblioteca Estadual, uma preciosidade encravada no centro de Rio Branco, a capital. Um edifício moderno, funcional, com grandes janelas, muita luz, internet com acesso grátis, chão sofisticado com ladrilhos hidráulicos, originais, vindos do antigo prédio que havia no lugar. Uma das mais belas bibliotecas que vi no Brasil, opinião compartilhada por um especialista de gabarito, José Castilho Marques Neto, que comanda o Plano Nacional do Livro e Leitura e, encantado, não se cansou de fotografar tudo. Os acreanos (com E) estão dando uma lição ao Brasil em matéria de biblioteca.

A biblioteca fica de frente da praça onde aconteceu a primeira Bienal da Floresta do Livro e da Leitura, nome poético, para um evento ocorrido em 35 stands de livrarias e editoras, alem do uso de auditórios por toda a cidade. A idéia da Bienal foi do jovem governador Binho Marques que convidou Pedro Vicente Costa Sobrinho, um potiguar naturalizado acreano, e Helena Carloni, que dirige a bela (repito) biblioteca. Juntou-se a eles Daniel Zen, presidente da Fundação Cultural. E tudo aconteceu.

O homenageado foi uma figura singular e sempre bem-humorada, o contador de histórias e artista plástico Francisco Gregório Filho, cuja figura lembra um patriarca com sua barba branca e magreza de um asceta. Um homem que há meio século batalha pela cultura acreana, tendo sido várias vezes presidente da Fundação Cultural do Estado. Acreanos são Chico Mendes, Marina Silva, Armando Nogueira, João Donato, Glória Peres. Cerca de 40 escritores agitaram a semana, entre eles Luiz Ruffato, Marcus Acioly, Marcio de Souza, Fernando Monteiro, Luiz Galdino, Nelson Patriota, Jorge Tufic, Fabio Lucas, Homero Fonseca, Jomard Muniz de Britto, Alexei Bueno, Gilberto Mendonça Telles. Tudo bancado pelo governo. Clodomir Monteiro, presidente da Academia Acreana de Letras, nomeou a Fabio Lucas e a mim membros correspondentes da AAL. Somos de lá e somos de cá. Academias se abrem umas as outras.

“Olhe para cima, verá isso apenas aqui,”dizia Val Fernandes, fotógrafa que dia e noite, sem parar, registrou cada momento, cada pessoa, cada gesto na Bienal. Às margens do rio Acre, um céu turquesa, de filmes orientais, numa cor que nenhum impressionista conseguiria produzir, estendia-se avassalador sobre nós, enquanto cervejas geladas e empadas enormes chegavam na mesa deste bar do Mercado Velho, construído em 1929, e recém restaurado. Para um lado, as águas seguem em direção ao rio Purus, que penetra no Peru. Pelo outro, vão em direção à Bolívia, marcando fronteira em longa extensão. O poeta Naylor George, apaixonado pela sua cidade, conhecedor de cada canto, cada prédio, cada rua, cicerone dedicado, me diz que daqui é mais fácil chegar ao Machu Pichu que a São Paulo. Aqui estamos mais próximos dos Incas e Maias, se quisermos nos exceder na imaginação.

No rio, lá embaixo, catraias navegavam de uma margem à outra. Custa 50 centavos a travessia. Foi lembrado o tempo em que havia dois cinemas na cidade, um no Primeiro, outro no Segundo distrito. Um dos ricos, outro dos pobres. Em Rio Branco pode-se dizer que, como em Paris, há rive gauche e rive droite. O filme era o mesmo nos dois cinemas, as sessões começavam com diferença de horários. Assim, terminado o primeiro rolo em um, o catraieiro Goiaba, figura popular, agarrava a lata e corria, atravessava o rio, no braço, a remo, entregava no cinema. A sessão inteira era ir e vir. Dias de enchente, águas revoltas, sofria o pobre Goiaba. Dizem que ele nunca trocou um rolo.

Depois de visitar o mercado de verduras e frutas (que nada tem a ver com o mercado antigo, tombado), onde pode-se comprar a banana comprida (cada uma tem entre 30 e 40 centimetros), a farinha de mandioca amarela, a pimenta ou castanhas do Pará preparadas artesanalmente, saborosas, atravesse para o Segundo Distrito e percorra as casas e lojas restauradas que pertenceram aos sírios libaneses, primeiros comerciantes na fundação da cidade. Caminhe pelo calçadão à beira rio cheio de bancas de flores amazônicas, entre elas a Uirapuru e a Caatinga de mulata e de mangueiras centenárias tombadas pelo Patrimônio.

Aqui nos idos 900 ancoravam os batelões e as chatas que traziam mercadorias da Europa para os ricos (as mulheres usavam vestidos com alças de ouro), que freqüentavam o fechadíssimo, Tentamen, clube da elite, restaurado em todo seu esplendor e hoje é alugado para festas e eventos. Ainda existem exemplares gigantes do Apui, arvore cuja seiva os índios usavam para colar ossos fraturados. Vá até a gameleira imensa onde a cidade se iniciou. Diante do rio, o bar do Grassil Roque com um caldinho de feijão fervente de explodir a língua. Ao lado, na Varanda do Porto, do Telmo, bebe-se cerveja em mesas quase lançadas ao espaço sobre o rio Acre.

Em frente, uma das dezenas de Casas de Leitura (com centenas de poesias pregadas nas portas e paredes) que a cidade possui, que acolhe principalmente crianças. Além dessas casas, pelos parques espalham-se os Quiosques com bibliotecas que o povo utiliza a granel nos finais de semanas, feriados, fins de tarde. Admirado com a noite fresca? São os ventos que sopram da Cordilheira dos Andes, na crendice popular.


Crônica de autoria de Ignácio de Loyola Brandão publicada no Jornal Estado de São Paulo, dia 18/06/2009.

segunda-feira, 15 de junho de 2009

Foto do Poeta

Foto Beinal - Ac



TUFIC AO SOPRO DO ZÉ FIRO

Recorro a um truísmo para dizer que o poeta Jorge Tufic já se tomou numa figura legendária da poesia brasileira do século passado e do milênio que se inicia. Críticos e resenhadores do país, independentemente de tendências e opções estéticas, não têm negado aplausos ao desempenho literário deste autêntico mestre da artesania poética, acriano de pais libaneses, nascido no final da terceira década do século recém-findo.

Numerosos livros de poemas e de ensaios enriquecem sua vasta bibliografia. Jorge Tufic é desses autores que exprimem, através do poema, sua paixão avassaladora pela beleza e fugacidade da vida, pelo legado existencial herdado de seus antepassados mais remotos. Profundamente ligado às raízes, sem renunciar à fidelidade e aos apelos do tempo presente, o poeta insinua-se nos meandros das realidades do cotidiano para se encontrar consigo mesmo, com as razões ou sem-razões do poema. Ou para confessar em versos como estes, repletos de evocações do seu rio tutelar: "Menino ainda, escolhi o meu acaso! Segui uma nuvem que vinha das cabeceiras" (Zéfiro com Soneata Barroca, Realce Editora, Fortaleza, 2004).
Mestre incontestável do soneto, essa teia mágica que ainda intriga os pretendentes de Penélope, Tufic passa incólume pelas "perpétuas grades" (Augusto dos Anjos) dessa autêntica jaula medieval, com certeza uma das mais polêmicas de todas as modalidades de poemas já concebidas pela fantasia humana Os sonetos de Jorge Tufic são de uma leveza prodigiosa, e nisso reside um dos segredos de sua modernidade.
(Oportuno lembrar que o texto literário produzido sob o signo da norma culta é, necessariamente, terreno propício ao surgimento de numerosas figuras de sintaxe e/ou de pensamento, das quais é pródigo o idioma dos nossos ancestrais ibéricos. Essa opulenta nomenclatura de tropos faz parte do acervo arqueológico do próprio idioma, razão pela qual, na maioria das vezes, eles entram compulsoriamente na poesia ou na ficção sem que os autores tenham contribuído diretamente para isso. Seria utópico imaginar que a verdadeira poesia dependesse, aleatoriamente, de eventualidades ornamentais. Não seria absurdo imaginar que esses arquétipos podem ser encontrados até mesmo numa tediosa exposição de algum balancete sobre lucros bancários.)
Poeta de muitas andanças pelo Brasil e outras paragens do mundo, espírito inquieto num corpo de beduíno, Jorge Tufic assimilou imagens e recordações dos lugares por onde passou. De tal modo que em seus poemas arrulham pássaros e regatos, rios e lagos que escondem mistérios, lendas de sereias e visões encantadas, duendes, feiticeiros e outros seres fantásticos que habitam nos troncos diluviais da floresta amazônica. Além de colméias dos tempos da criação do mundo, construídas de fragmentos de diamantes lapidados. Sem falar nas flores exóticas cuja beleza e perfume enfeitiçam os homens, peixes, insetos e animais que se acasalam ou hibernam nas grutas, à espera que os estios acordem no fundo dos lagos.



No primeiro poema de Zéfiro, Tufic já celebra o rio tutelar: "Este rio profundo, mas / nem tanto como a noite e as palavras / que dormem nas conchas do lodo". É a saga do menino que vai descobrindo paulatinamente o mundo poroso das águas. "A incansável descoberta dos mapas/ nomes que foram sendo trocados/ passaportes vencidos". A referência a passaportes sugere que o menino já trazia, dentro de si, as encruzilhadas, rotas e caminhos que deveria percorrer ao longo da vida. Ao ouvir predição de pessoa estranha, segundo a qual haveria de ser famoso, deixou "que o menino ficasse ali/ para sempre / coberto de vagalumes". O memorial do menino prossegue em seu lirismo minucioso: "Os morcegos de Sena Madureira / tinham asas de eucalipto.! Quando estas árvores foram derrubadas / eles passaram a dormir nos alpendres./ E a insônia tomou conta das janelas". O poeta confessa que nasceu numa rua chamada Amazonas. "Ficava perto do rio/ perto do mercado./ Era a rua mais perto do mundo". A rua em que o menino dialogava com o futuro poeta nas esquinas do sonho.
Por esse tempo, Tufic contemplava "A noite pública / sobre telhados particulares". Zéfiro com Soneata Barroca termina com o poema XIX. Um soneto no qual o poeta lavra esta inscrição para os tempos vindouros: "sou formiga, sou fonte, sou texugo/ larva na sequidão dos necrológios/ Quem foi ao bosque, livre-se dos ódios / que outros lugares roubam-me do estudo; ali estão nossos ossos e o veludo / das luas sobre tantos episódios". Restaria uma alusão especial aos treze sonetos de que se compõe a Soneata Barroca. Trata-se de poemas da melhor qualidade, seja pelos aspectos formais ou pela clarividência com que o poeta celebra as metamorfoses do cotidiano, onde muitos de nós naufragamos naqueles "instantes sem razão e sem verso", a que se refere Carlos Drummond de Andrade.
Sempre imaginei que os verdadeiros poetas são bons em tudo o que fazem. (Deixo aqui a ressalva de Horácio, em A Arte Poética, segundo a qual até mesmo o bom Homero tem o direito de cochilar algumas vezes.) Pouco importa que escrevam poemas rimados e metrificados ou poemas em versos livres, sem medida e sonoridades coincidentes. Na épica, na ode, na elegia, no epigrama ou no madrigal, o verdadeiro poeta sempre diz a que veio. É o que acontece com Jorge Tufic, que oportunamente publicou plaqueta à maneira dos repentistas nordestinos ou dos chamados folhetos de cordel. Com o mesmo "savoir-faire" com que escreve poemas eruditos, onde celebra o amor, a vida e a morte sob o viés metafísico, Tufic canta em tom de menor intensidade, diversos outros assuntos ligados à natureza, ao ser humano e aos bichos de modo geral. Um exemplo de sua verve nessa vertente caudalosa da poesia popular: "Ao som, portanto, maduro/ dessa batalha encourada, / visto a roupa do vaqueiro, / seu gibão, sua toada / e curto o couro dos bichos / que morrem de madrugada".
Tufic está por dentro dos saberes e feitiços dos pajés, pessoas dedicadas às reflexões e estudos dos fenômenos da natureza que se revestem de conotações sobrenaturais. Segundo o poeta, em Quando as Noites Voavam, "os pajés costumam ver uma escada que tem a ponta no setestrelo e a base na fonte sagrada que alimenta as reservas do líquido primário" (p. 43). Logo mais adiante, esta informação para iniciados em estudos amazônicos: "Pelas bordas da fonte, rãs se petrificam de olho nos mosquitos. E a linfa, de alegre, não pára de cantar". Desconfio que o engenhoso Tufic teria sido eminência parda de algum pajé para tratar de assuntos relacionados com bruxarias e outras coisas desse tipo. A segurança com que trafega nos labirintos e mitologias da selva lhe confere o diploma de pós-graduação nessa área inacessivel ao comum dos mortais. Vejam a intimidade com que fala o poeta dos poderes da ¨Cobra Grande, que ajuda o boto a entrar nas moças surdas aos conselhos dos pais". Pelo discurso poético de Tufic, a gente fica sabendo que "os filhotes da Cobra Grande deixam a barriga da moça" que se deixara seduzir ... "A água vai subindo, engole a casa. Nas palhas que submergem, cobrinhas arrastam seu avô para o fundo das águas". Surrealismo à flor da pele.
Poderia escrever páginas inteiras falando dos poemas amazônicos desse acriano de raízes libanesas. Ele sabe das coisas e faz uso das melhores estratégias formais para transmitir ao leitor seu legado de saberes, como se personagem principal das lendas que nos conta de forma absolutamente sedutora. Na introdução do livro Quando as Noites Voavam, Tufic esclarece que suas crônicas (ou poemas) tiveram origem no "foco temático" da obra de Antônio Brandão Amorim, intitulada "Lendas em Nheengatu e em Português. Tufic nos brinda com autêntico trabalho de recriação desses mitos e lendas que desafiam a voragem e fugacidade dos séculos.
Em livro lançado recentemente por editora de Manaus, de autoria de Gaitano Antonáccio, fica-se conhecendo melhor a história e as origens do homem e do poeta Jorge Tufic Alauzo, como também das lutas do povo acriano para conquistar sua independência política. Como a grande maioria do povo brasileiro, purgou seus pecados na condição de inspetor fiscal do Ministério do Trabalho, mas não permitiu que lhe seccionassem a veia poética nem que o esmagassem nas engrenagens da burocracia, cuja aridez nos permite sobreviver por algum tempo, mas sempre nos deixa marcas indeléveis no corpo e na alma. O opulento currículo que hoje ostenta, constituído de títulos honoríficos, prêmios literários, medalhas de mérito, diplomas e certificados - tudo isso dá testemunho vigoroso da carreira ascendente do funcionário público e do poeta, figura admirada e respeitada em todos os estamentos da sociedade e do mundo intelectual do país. Por tudo o que escreveu em prosa e verso, pela coerência e limpidez do seu depoimento de ser humano, de humanista e de poeta, dou-lhe nota dez. "Cum laude".

FRANCISCO CARVALHO

terça-feira, 19 de maio de 2009

Vitrais da Noite - Lendas Visitam Brasília


Vitrais das noites e lendas visitam Brasília

Meu verso é semente

lançada entre ruínas

e olhares de fábula.

(Jorge Tufic)

Houve uma noite na I Bienal Internacional de Poesia, realizada na Capital Federal (2008), em que, na voz do poeta Jorge Tufic, os vitrais das noites e as lendas cobriram de magia e encantamento o Auditório do Museu Nacional. Não falo, ou melhor, não escrevo de caso ouvido ou de caso contado. Escrevo o que vi e ouvi diante de meus olhos, não apenas diante de meus olhos acostumados a eventos culturais semelhantes em outros grandes centros do País, mas sim diante de um público seleto, estudantes, jornalistas, professores, escritores, críticos, leitores, gente que ama a Poesia e as Artes de modo geral. O depoimento do poeta Tufic dá a dimensão de sua participação e de seus companheiros palestrantes na Bienal: “O convite para participar do evento de tamanha magnitude me foi feito pelo grande Antonio Miranda. O honroso espaço, reservado a cada poeta, deu-me a oportunidade de ler alguns poemas de minha autoria, não deixando de fora aqueles que estão no Quando as noites voavam, trilogia amazônica que, já acrescida de uma quarta parte, encerra, talvez para sempre, este ciclo poético-lendário a que tanto me dediquei ao longo de 30 anos em Manaus”. (...) E, num gesto de modéstia que lhe é próprio, confessa: “Ponto alto, contudo, de meus contatos em Brasília foi a reunião de amigos que tivemos numa das dependências do Hotel Nacional, quando fui “intimado” a dar meu depoimento sobre as origens do Clube da Madrugada, assunto este que me parece uma continuação dessa mesma atmosfera que permeia as estórias dos mais antigos habitantes da Hiléia”.

Jorge Tufic, como um dos fundadores mais produtivos do Clube da Madrugada, dá o seguinte depoimento para os leitores de “O Pioneiro”:

“Para se ter uma idéia do Clube da Madrugada, basta lembrar que ele foi criado (1954) numa praça, ao ar livre, tomando a lição dos pássaros, dos ventos e da vida em redor. Essa lição de liberdade arejava os sentidos e tornava mais ampla e profunda a convivência do grupo, integrado por sonhadores, visionários, poetas, estudantes, ficcionistas, músicos, artistas plásticos, antropólogos, filósofos, economistas, políticos, comerciantes etc. À distância, fechados em seus gabinetes, dormitavam os conservadores. Mas havia as exceções, como André Araújo, Geraldo Pinheiro, padre Nonato, Sebastião Norões e outros, que nos davam seu apoio e nos acolhiam em seu meio. Assim foi que as primeiras reuniões fora dos cercados da praça seriam realizadas nos bares e cafés onde esses mestres costumavam se encontrar; e a seguir, em lugares ainda mais fechados, como na casa do Desembargador André Vidal de Araújo e na Escola de Serviço Social, dirigida e mantida por este, em cujo auditório Francisco Batista pronunciou conferência sob o título “Conceituação do Modernismo no Amazonas”. (...) “Até que chegássemos aos anos setenta, o CM já tinha ocupado e mantido, por longos períodos, páginas inteiras nos jornais: A Crítica, Jornal do Comércio, O Jornal, além de revistas e periódicos que estampavam a produção literária da equipe e dos colaboradores, entre os quais podemos mencionar nomes famosos como Assis Brasil, Nauro Machado, José Alcides Pinto, Nunes Pereira, Pessoa de Moraes, Jorge Amado, Max Martins, Benedito Nunes e outros. Por ocasião do lançamento da Poesia de Muro, a adesão dos Estados do Nordeste foi maciça. Outro feito histórico: o trabalho para se construir e lançar os monumentos em homenagem a Gonçalves Dias e a Bruno de Menezes, existentes na Praça da Polícia, local da ‘sede’ do Clube. É impossível detalhar, contudo, todos os passos do movimento madrugada”.

De fato, a história do Clube da Madrugada é escrita por grandes debates, eventos, e várias são as fases do movimento. Sempre marcado em ferro e fogo pelo trabalho de cada “afoito madrugadense”, expressão usada por Guimarães Rosa no hall do Hotel Amazonas, quando esteve em Manaus. “Dá pena” – como diz Jorge Tufic - “que esses debates não tenham sido gravados – mas onde o gravador, naqueles tempos? Basta dizer que os livros, que hoje se lêem em tradução portuguesa, eram lidos no próprio original inglês, alemão ou francês. As únicas traduções eram feitas em espanhol”.

Na trajetória dos mais de 50 anos de poesia, Jorge Tufic viajou por quase todas as formas poéticas: soneto, verso livre, poema concreto, práxis, poesia de muro e outros experimentos de renovação da literatura brasileira. Nunca, no entanto, por modismos; mas por compreender que a arte da escrita é, antes de tudo, exercício de alquimia e encantamento. Gênios da pintura, como Van Gogh, Cézanne, Monet e outros gigantes, revelaram, ao longo de suas vidas, que é na mistura das tintas que os grandes artistas encontram a química das cores definitivas com que pintam suas telas universais.

Tudo isso para dizer: só alguém como Jorge Tufic, poeta do Mundo (acreano de nascimento, amazonense por escolha e filho de libaneses), poderia tecer, com os fios da sabedoria de um velho pajé espiritual, e com o encanto narrativo de Sherazade, Quando as noites voavam, livro de tamanha força poética e incomparável riqueza de conteúdo. Afinal, ensinam os mestres, os mitos não são apenas estórias universais; os mitos “moldam e espelham nossas vidas – exploram nossos desejos, nossos medos, nossas esperanças”.

Nesse contexto, diríamos que, pelos rios sagrados dos mitos e lendas, e sob a ritualística de cantos e danças, evocados pelo poeta Tufic correm filigranas de pura poesia de inspiração divina, como acontece sempre que poesia e mito se unem. Leiam esses versos: “Contam que foi assim./ As águas baixaram tanto/ que os peixes subiram para a terra,/ tomaram forma de gente.// Uma Cobra do tamanho do arco-íris/ espalhou essa gente pelas margens do rio./ Antes da pupunha e do arumã,/ antes do Dia e da Noite...” (pág.21), “Neste princípio de noite/ meus dedos têm furos de flauta” (pág.77), “Nestas paragens da Noite,/ a lua se despe no fundo do lago” (pág.80), “Desvair a Cobra-Grande/ até o visgo da lenda” (pág.79).

Na verdade, nada escapa ao sopro mágico de flauta do poeta Jorge Tufic. Nem mesmo, e principalmente, as ações criminosas e impunes do homem contra a floresta, rios, peixes, pássaros, animais, enfim contra a Natureza. É quando, então, o poeta, como um Deus enfurecido, impõe sua flauta incandescente, e derrama-se um canto melancólico e assustador, como no belíssimo e comovente poema “Que será de ti, Amazônia?”, do qual extraímos os versos: (...) “Que será de ti, Amazônia,/ enquanto não forem avaliadas tuas perdas/ e teu desgaste/ em quatrocentos anos de falsa/ prosperidade para o homem;/ e de lenta,/ lentíssima agonia/ para os sonhos e as riquezas/ que te habitam?” (pág.136) (...) “Que será de ti, Amazônia,/ quando tuas lendas não tiverem mais/ onde pousar; e a doce flauta/ do uirapuru/ quebrar-se numa profunda elegia/ sobre os rios que mínguam/ e os areais que avançam?’ (pág.137).

Quando as noites voavam, de Jorge Tufic, é livro para ficar, ao lado de Cobra Norato, de Raul Bopp, como obra-prima da literatura brasileira. E, naturalmente, para ser lido e refletido, agora. Antes que os rios morram de sede, os pássaros silenciem, a floresta tombe em definitivo. E o homem, sem Deus, sem esperança no coração, desapareça da face da terra – como um verme engolido pela serpente insaciável da ganância e do egoísmo em acumular riquezas.

Adrino Aragão

sábado, 9 de maio de 2009


Na foto o perfil da Profa. Socorro marques, o Poeta Jorge Tufic homenageado e ao fundo a idealizadora do Projeto da Biblioteca "Jorge Tufic" Keyla Rebouças

quarta-feira, 22 de abril de 2009

Convite de Lançamento

Jorde Tufic Lança neste sábado as 10hs da manhã na Editora Valer sua mais recente obra "Um hóspede chamdo Hansen", onde reunirá as maiores assumidades da Literatura Amazonense.

segunda-feira, 20 de abril de 2009

Poema do Livro "A INSÔNIA DOS GRILOS"


AS TRÊS PORCAS

Uma coisa me olha desde que nasci.
Outra coisa me suga.
E ainda sobra uma terceira
que, lenta e pacientemente,
vai desfolhando os meus dias
como quem toca um realejo.


DE ÔNIBUS, PELO SERTÃO

Lá fora, o diameno.
Bloqueio de trevas,
cysne,
cântico de agulhas.

Em busca desse dia
eu parto: noutras paragens,
decerto,
há homens e bichos
que disputam vitórias,
se matam.

Mas aqui, só nuvens
rascunham fugacidades.
Paisagens, velozes,
não passam por mim.

Atravessamo-nos, apenas.

Extraídos de A INSÔNIA DOS GRILOS. Fortaleza: Ed. Autor, 1998. 100p

Poema - Coral das Abelhas


CARTAGO FUI EU

Canta um pássaro morto sobre o dia
que a muitos outros já se misturou
algo abaixo dos ramos silencia,
treme a terra na pedra que restou.

Vem de que mares essa nostalgia
que meus ossos fenícios engessou?
De Cartago, talvez, da noite fria
transformada no pássaro que sou.

Esse canto noturno me extenua.
Vem de Cartago, sim; da negra lua
por dono o sol que abrasa, mas festeja.

Esplende a noite em látegos de urtiga.
Brinda-se à morte ao cálice da intriga.
Meu corpo, feito escombros, relampeja.


O DESENCONTRO

Uma folha tremula
sobre o branco aflitivo dos garfos.

Passado & futuro
são fronteiras de aragem.

Formigas saem das tocas
ganham asas de louça.

Cristais se fundem
no brinde sem eco.


FRAGMENTO

À tarde e à noite
o poeta está ausente.
Relógio e calendário
ficaram do avesso.
Ele usa a freqüência dos búzios
e capta as notícias que envelhecem
antes da letra e do chumbo.

Percebe, então, que falta um elo
para cada coisa.

Possivelmente indecifrável.

PROSPECÇÃO

Ninguém te vê.
Só os ventos te penetram.

Ninguém que esteja saciado
ou faminto
necessita de ti.

Neste exato sem nome
reintegra-te à nuvem que passa
e ao canto das aves.

o poeta, já o disse,
é um ser transparente.

Invicto. Desnecessário
entre porcos, hienas
e outros viventes

solidariamente incompletos.

Extraídos de POEMA-CORAL DAS ABELHAS. Fortaleza> Ed. Autor, 1999. 77 p.

Poema do Livro "Quando as Noites Voavam"


A ORIGEM DA NOITE

A Noite era um fantasma que se repartia
entre a luz e a escuridão.

Um lado desse fantasma era escuro e feio.
O outro lado era claro e bonito.

Nãmi, era como se chamava o dono da Noite.

Os grilos teciam as folhagens do sono
enquanto o pássaro japu tratava de afastar,
com seu bico,
as cortinas da madrugada.

Antes de dar a Noite a seus netos,
Nãmi comeu ipadu e fumou olé-o (cigarro).

O resto dessa estória ninguém sabe,
porque uma parte dela ficou com a Gente da Noite
e a outra parte ficou com a Gente do Dia.*

* Gente da Noite e Gente do Dia: Tukano e Desssana. N.A.



MAKUNAÍMA RECRIA O MUNDO

Depois das águas grandes,
o mundo ficou seco e oco.
Pedaços de carvão ficaram rolando no solo,
como ecos de pedras,
vozes de rio, gemidos de fogo.
Então, Makunaíma acordou.
E do barro de sua vigília
retirou aquele homem, sua forma de barco,
seu peito cavado.

No outro lado de Roraima
seus feitos continuaram.
Homens e mulheres foram sendo mudados
em rochas, antas e javalis.
Perto de Koimelemong, um cervo
mergulha na terra a cabeça-de-pedra.
Sobre uma grande onda na Serra de Aruaiang,
pousa uma cesta de luar.
A Serra do Mel parece conduzir
um silêncio de aragem
e vai sem ter vindo.

Muitas dessas pedras se elevam
No país dos ingleses, assim como peixes
E uma cesta que imita, por baixo,
Um perfil de mulher.

A savana da Serra de Mairani
são braços, pernas e cabeça
de um ladrão de urucu.
Aí também se entreabrem umas nádegas de pedra.
Cachoeiras acima,
o movimento dos peixes adentra na rocha.

Uma pedra chamada Mutum
canta como este
quando alguém vai morrer.
vespas gigantes construíram suas casas
e zumbem na base mais profunda da serra.

Aqui fora, Makunaíma dá os últimos retoques
Nos bichos domésticos.
Depois disso ele deita na terra molhada
e se deixa esvair em milhares de seres
que nadam para o rio.

Extraídos de QUANDO AS NOITES VOAVAM. Manaus: Editora Valer, 1999. 181 p.

Entrevista


Nasceu em Sena Madureira, no Acre e reside em Fortaleza, Ceará, Brasil.
“Aí começou aos sete anos de idade, a ouvir o ponteio das violas sertanejas, acompanhando as trovas, os repentes e as saudades dos soldados da borracha, filhos do nordeste brasileiro.”
Mais de quarenta títulos publicados, entre prosa e poesia,. Os versos a seguir espelham melhor a sua biografia e a sua geografia humana.

O poeta JORGE TUFIC, convidado de honra, em companhia da poeta Alice Spindola, chegando a uma das sessões magnas da I BIENAL INTERNACIONAL DE POESIA DE BRASILIA, 3 a 7 de setembro de 2008, no auditório do Museu Nacional.

Inauguração do Espaço Cultural


O meu prestigiado amigo e poeta Jorge Tufic foi merecedor da homenagem em Fortaleza. Jorge ganhou um espaço lindo de arte: O Espaço Cultural Jorge Tufic.
Jorge nasceu no Acre, é membro da Academia Amazonense de Letras, possui muitos livros publicados de poesia, pertenceu ao grupo do Galo da Madrugada com Astrid Cabral. Atualmente mora em Fortaleza e está com 78 anos de idade. Acompanhe a foto:
diego mendes sousa

sexta-feira, 17 de abril de 2009

Espaço Cultural "Jorge Tufic"


Agora sim está oficialmente lançado o recanto cultural, sediado em um lugar de requinte que é o Hotel Marbelo de propriedade do Dr. Ritta Bernardino em Forataleza na Praia do Futuro, levando informções, Educação e Cultura para o mundo.

sexta-feira, 10 de abril de 2009

Sonho realizado



Depois de um trabalho minucioso de configuração, eis que surge um gigante cultural literário para unir duas bandeiras do Brasil ao Mundo, Espaço Cultural "Poeta Jorge Tufic", hospedado e acariciado por um empresário com forte sensibilidade criativa no setor hoteleiro e da cultura Sr. Ritta Bernardino, uma âncora de ouro e brilhantes da cultura brasileira.
Parabéns Poeta.