segunda-feira, 14 de setembro de 2009

café da manhã


É notório o brilho desta festa matinal onde encontram-se celebridades com níveis altíssimo declarados nesta foto.

sábado, 12 de setembro de 2009

A letra correta do Hino da Amazonas


HINO DO AMAZONAS
Letra de Jorge Tufic
Música de Claúdio Santoro





Nas paragens da história o passado
é de guerras, pesar e alegria,
é vitória pousando suas asas
sobre o verde da paz que nos guia.
Assim foi que nos tempos escuros
da conquista apoiada ao canhão,
nossos povos plantaram seu berço,
homens livres, na planta do chão.

Amazonas, de bravos que doam,
sem orgulho nem falsa nobreza,
aos que sonham, teu canto de lenda,
aos que lutam, mais vida e riqueza.

Hoje o tempo se faz claridade,
só triunfa a esperança que luta,
não há mais o mistério e das matas
um rumor de alvorada se escuta.
A palavra em ação se transforma
e a bandeira que nasce do povo
liberdade há de ter no seu pano,
os grilhões destruindo de novo.

Amazonas, de bravos que doam,
sem orgulho nem falsa nobreza,
aos que sonham, teu canto de lenda,
aos que lutam, mais vida e riqueza.

Tão radioso amanhece o futuro
nestes rios de pranto selvagem,
que os tambores da glória despertam
ao clarão de uma eterna paisagem.
Mas viver é destino dos fortes,
nos ensina, lutando, a floresta,
pela vida que vibra em seus ramos,
pelas aves, suas cores, sua festa.

Amazonas, de bravos que doam,
sem orgulho nem falsa nobreza,
aos que sonham, teu canto de lenda,
aos que lutam, mais vida e riqueza.

Crônica de Marcos Accioly



A SOLIDÃO DA ÁRVORE

MARCUS ACCIOLY

Durante a Bienal da Floresta, do Livro e do Leitor – realizada no Rio Branco, Acre, pelo escritor Pedro Vicente – refiz uma viagem feita muitas vezes, há muitos anos. Após um frugal café da manhã no Inácio Pálace Hotel, o novo, pois o velho era Inácio Parece Hotel, eu e o poeta Jorge Tufic, a convite de um grande amigo, o boliviano Miguel Ángel Ortiz, saímos de Rio Branco, em direção a Cubija, no Estado de Pando, na Bolívia. As nossas memórias funcionaram de modo diferente: Tufic se pegou com o menino que ele foi no Acre, Miguel, com a sua vida na Bolívia, e eu, com o tempo de um arcaico Rio Branco, que se escondeu por dentro, ou por detrás, do moderno. Assim, chegamos à recente cidade de Capixaba e só no desvio para Xapuri, onde o rio Acre se encontra com o próprio rio Xapuri, é que nossas memórias se encontraram. Visitamos a casa, o Centro Cultural e o túmulo do seringueiro Chico Mendes (que cantei no meu livro – Latinomérica) e logo voltamos à mesma estrada que obrigava Miguel a fazer do seu Honda um cavalo saltando os obstáculos.
A paisagem exibia a devastação sem medida, desde que a borracha cedeu o seu lugar ao gado e o gado à incipiente cana-de-açúcar. Inúmeras castanheiras se aproximavam e se afastavam do acostamento, como uns resquícios da floresta de Hamelet. Cortei o nosso silêncio, sob o silêncio surdo do motor, com uma pergunta: “Quantos metros tem uma castanheira?” Tufic tentou medir, com o olho, enquanto Miguel respondeu: “Cerca de 40 metros”. Algo de doído ligava, em mim, a castanheira da floresta à castanheira da praia, ou amendoeira, quando Miguel prosseguiu: “Como é proibido, por Lei, derrubar castanheiras, elas ficam assim, separadas delas mesmas e da selva”. Observei aquelas árvores solteiras e percebi que algumas de suas ilhas verdes tinham secado. “Parece que elas escaparam, mas estão morrendo, não é, Miguel?” “Pois é, no conjunto elas tem o besouro que, através das plantas e dos cipós, faz a proliferação. Assim, isoladas, o besouro não consegue alcançar a copa e, aos poucos, elas vão morrendo”. “Qual é o tipo de besouro?” “É o mungangá”. “Ah, sei, o cavalo-do-cão, que também reproduz o maracujá rasteiro ou sobre as árvores”. Tufic riu um pouco e disparou: “Esse aí é um cavalo do Nordeste”. Percebi que estava entre um acreano e um boliviano e falei um trecho de cantiga do meu livro Guriatã – um cordel para menino: “Manda música, maestro, / moda má, música má, / mau mestre, muita munganga, / munganguento mugangá”. Tufic aproveitou a deixa e disse algumas cantigas do seu livro: A insônia dos grilos. A partir de então a viagem se tornou um recital.
Depois que atravessamos a ponte e chegamos a Cubija, a cidade também já era outra. “Em Rio Branco, eu só reconheci o Rio Acre, acho que, de Cubija, se Tufic comprar todos os uísques que pretende, só vou reconhecer a alfândega” – eu disse e quase não aconteceu outra coisa, pois, além das bebidas, ele apenas comprou diversas camisas de seda. “O seu caso, Tufic, ao que parece, é de seda e sede” – eu provoquei e ele consertou: “Ao inverso: é de sede e de seda”. Aproveitei o seu “inverso” e, novamente, passamos a dizer algo “in verso” ou “em verso”. Miguel visitou o amigo e ex-governador do Estado de Pando, Felipe, que, com a esposa, Marilu, nos levou à parrilhada. Tufic quase não comeu, em compensação, esgotou, sozinho, mais do que um quarto de uma das garrafas.
De volta, eu disse a Miguel: “Comprei tanto bagulho, que tive de comprar uma mala”. “Pois é, Tufic já leva a dele, como um camelo”. Tufic não respondeu. Voltei-me do banco dianteiro e Miguel percebeu pelo espelho que Tufic sonhava. Tirei a máquina da sacola e fui fotografando aquelas castanheiras tristes, da beira da estrada, como se quisesse que elas não morressem. Para cada foto, Miguel diminuía a velocidade. “Era bom que fosse assim, Miguel, que tudo passasse, ficasse para trás, mas as árvores estão na máquina e na memória”. “Pois é, e o pior é que ficarão mais na memória do que na máquina”. Tufic acordou de repente e perguntou à-toa: “Vocês estão falando de máquina ou de memória?” “Da máquina da memória e da memória da máquina, Tufic” – eu disse, enquanto Miguel desviou de um buraco e Tufic, com a vantagem do tombo, regressou ao seu sono, ou seu sonho, de poeta.

MARCUS ACCIOLY é poeta. E-mail: marcusaccioly@terra.com.br

Clube do Bode


Olha aí de onde saem as maiores criaçõea literárias e culturais.

sexta-feira, 11 de setembro de 2009